O futuro
O ano é 2039 e como em todos os outros, algumas mulheres gritam incansavelmente pela liberdade enquanto outras não percebem as amarras de um sistema que pune, agride, controla, reprime e em seu último estágio, mata mulheres e meninas em todo o mundo. Essas mulheres lutam, cada uma de sua maneira, para serem livres, mesmo sem saberem o que é serem livres.
Liberdade sexual, segurança de ir e vir, controle sobre seu próprio corpo, respeito mútuo ou espaços igualitários? Para algumas a liberdade é tudo isso, enquanto para outras, é sobrevivência.

O presente
O ano é de 2019 e as mulheres são revolucionárias e preparam o caminho para as futuras gerações. Nesse período existem duas mulheres que merecem nossa atenção. Ambas vivem e lutam pelas futuras gerações. Entenda um pouco.

Itaicy aos 57 anos conquistou a tão sonhada liberdade feminina. Enquanto isso, na Inglaterra, sua filha Isis compartilha com sua querida mãe a deliciosa sensação de ser livre. E, embora elas saibam que as amarras sociais sejam inúmeras, elas têm a certeza de que juntas podem desatar os nós de muitas mulheres.
Itaicy ensinou Isis a ser livre e se hoje os dias são leves, o mérito é todo de Itaicy, pois ela lutou e muito para que isso acontecesse. E claro, não podemos nos esquecer das mulheres que antecedem a ela. Todas foram valentes e persistiram pelo respeito e pela vida.
Itaicy e Isis são livres, porque suas queridas ancestrais Maria e Gleyda foram incrivelmente bem-sucedidas na missão de abrir os caminhos.

Laços que criam mulheres fortes
Enquanto Itaicy ainda era criança, ela pôde contar com a presença de sua mãe e apesar das condições limitadas da família, sua avó por muitas vezes lhe agradava comprando alguns presentes e levando-a para passear na praia.  E, foi assim que os momentos passaram a valer mais do que qualquer quantia em dinheiro. Foi aí, que essa pequena menina começou a se tornar uma mulher incrivelmente desmetida.
Nesta época em que maçã só se comia no natal, os ensinamentos foram repassados com sucesso. Itaicy sempre nutriu paixão pela natureza e espírito aventureiro, mesmo quando criança.

O tempo passou veloz e Itaicy  se tornou uma mulher, uma mulher que aprendeu a libertar mulheres. Ela se tornou professora de ensino infantil e ofereceu aos seus alunos experiências únicas de aprendizado e foi enquanto ela se dedicava a realizar um trabalho significativo e exemplar, que a sua querida filha cresceu vivenciando os melhores exemplos maternos.
Isis  cresceu observando a mãe a preparar aulas e experimentos para os alunos. Notou também a dedicação e empenho ao fazer diversos cursos para se atualizar, acompanhou de perto a inusitada criação de borboletas dentro de sua casa e desfrutou ainda das mais incríveis decorações nas festas de aniversário, que a mãe carinhosamente preparava com suas próprias mãos. Isis aproveitou cada momento com amor e aventura.
Itaicy percebeu com o tempo que a sua menina se tornou uma mulher e para celebrar isto, sempre muito criativa e dedicada, auxiliou na preparação e decoração de uma festa incrível, cujo tema foi sobre um dos diretores/autores favoritos de Isis, o Tim Burton. Uma festa divertida e linda, assim como todas as outras já feitas por Itaicy quando Isis era criança. Cada detalhe daquela festa e das outras permanecem ainda na memória, inclusive os deliciosos docinhos com o rosto do famoso Jack Skellington.

E assim mãe e filha, cultivaram uma relação de amor, afeto e amizade onde cada momento era uma eterna escola. Foi ao lado da mãe que Isis aprendeu a florescer, pois ela presenciou diariamente a inteligência, a destreza na cozinha, as habilidades manuais para fazer artesanato, tricô, jardinagem e o seu coração enorme. Foram as muitas aventuras ao lado da mãe, longas viagens, as divertidas trilhas, as emocionantes tirolesas, as escaladas, as belas cachoeiras e cavernas, os banhos nos rios a as idas as praias que cultivaram o espírito aventureiro da filha.  

Entre elas há conexão sagrada que se mantém viva. A mãe se aventura em muitas viagens e quando está em casa se dedica aos cuidados do cachorro Mosquito. Em seu tempo livre, Itaicy cultiva legumes, verduras e frutas em seu próprio quintal. Aprecia ainda a sua maravilhosa coleção de orquídeas. Enquanto isso, a filha avança pelo mundo, seguindo seu coração e construindo seus planos. Itaicy gerou em seu ventre uma menina livre que hoje se tornou uma mulher incrível que trilha seu caminho com leveza, honrando as suas antepassadas e levando a todos o amor que recebeu da mãe.

Assim, as duas provam que é possível sermos mulheres livres e ainda que haja tantas amarras a nos prender e que os nós sejam apertados e difíceis de desfazer, sempre há possibilidades.

Itaicy conseguiu desatar muitos dos nós que nos amaram, e mais do que isso, foi capaz de repassar a sua filha este ensinamento. A felicidade que ambas trazem em seus sorrisos faz refletirmos: será que a tão desejada liberdade que as gerações passadas desejaram podem ser construídas através da amizade, do amor feminino e materno?

Para as futuras gerações, que inevitavelmente ansiarão por liberdade, dignidade e respeito, Itaicy deixa a mensagem que a igualdade pode acontecer através das relações femininas.

Devemos viver para nos libertarmos e desatarmos os nossos próprios nós e consequentemente libertaremos nossas filhas, amigas, irmãs. Um dia seremos todas livres, em 1919, 2019 ou 2029 as mulheres foram, são e serão o apoio e a fortaleza de nós mesmas. Mulheres foram, são e serão a revolução. E, esta revolução começa por meio das nossas relações, da nossa conexão com nosso ser e com nossas filhas e amigas. A revolução já começou e não vai parar. Não vai cessar e não deixar de lado uma única mulher. Toda aquela que precisa ser livre encontrará uma mão para acompanhar pelo caminho.  

Projeto Nossas Mulheres homenageia mulheres comuns que possuem um papel significativo na vida de seus familiares e amigos. O projeto conta com o apoio e revisão de conteúdo da jornalista Letícia Benetton.