Querem que eu escreva poemas de amores
algo que fale sobre a leveza, a pureza.
Que eu descreva fatos tolos, que faça textos bobos.
Qualquer escrita que deixe o outro leve. Que o encha de esperança!
Não!
Não vejo graça nisto de ser doce demais, amável demais e aceita demais.
Isso de ser engolida como chocolate ao leite não me atrai.
Quero escrever sobre o nó da vida, o aperto da cinta, a náusea da manhã e a angústia da noite.
Me apresso para falar com aqueles que sabem saborear com prazer o sabor amargo do chocolate
e que entendem que o açúcar em excesso retira a essência do cacau e que naquele inocente chocolate "dito" ao leite, encontra-se mais leite e menos chocolate.
E é claro que, em muitas vezes eu não desejo ser chocolate...
Quero ser comida estragada.
Para ser expulsa do seu ser!
Quero te ver vomitando-me, por não suportar as nossas tão comuns verdades.