Tenho andado mais calada, retraída, incomodada.

Seguido cada dia mais ausente.

Tenho andado descontente.  

Viver tem sido um tanto quanto desconfortável.

Poetizar a vida é exaustivo.  

Romantizá-la também.  

Tenho optado por somente estar. Sem me julgar ou me cobrar por não sentir imensa felicidade.

Agradeço aos Deuses por simplesmente não sentir imensa tristeza.  Tenho um bocado de ausência nos meus dias.

Amigos ausentes, sonhos distantes, insegurança constante, incertezas sobre o futuro. Medo da doença e ansiedade pela cura. São os sentimentos que me afogam, um turbilhão deles.  Para conquistar um pouquinho de leveza adquiri o hábito de aceitar que TUDO está bem, EXATAMENTE do jeito que está.  

Se hoje a felicidade não está gritando em minha janela, talvez amanhã eu a encontre. Posso ter paz em ler um livro ou em ouvir o cantar de um pássaro.

A vida pode ser leve!

É assim que consigo encontrar um pouco de conforto quando a vida se apresenta desconfortável.

Se poetizar a vida é exaustivo. Assumo que não poetizá-la pode ser agonizante.  

Romantizar demais a vida é insuportável, mas não ver romance em nada me transforma em um corpo estático e repleto de um azedume intragável. Por isso, dedico meus dias a contemplar cada sentimento, sem julgá-lo de maneira agressiva demais.

Acredito que todos os dias os sete cavaleiros mensageiros da verdade e da alegria caminham até mim em um ritmo acelerado com a missão de me entregar um punhado de felicidade na simplicidade da vida. E mesmo sabendo que romantizar em excesso a vida é exaustivo eu prefiro finalizar meus dias com os pés cansados e a certeza de que recebi as mensagens atentas.